Mulheres são as principais vítimas de assédio no ambiente de trabalho

Mulheres são as principais vítimas de assédio no ambiente de trabalho

Repercutiu em todo o mundo o assédio sofrido pela repórter Maly Thomaz do canal televisivo Eurosport France que, numa tentativa de entrevistar o tenista Maxime Hamou, foi agarrada ao vivo em frente às câmeras. A atitude do esportista gerou críticas e sua expulsão do torneio internacional de Roland Garros. Porém, no momento em que a profissional tentava se afastar de Hamou, os apresentadores do programa esportivo, no estúdio da emissora, davam gargalhadas que podiam ser ouvidas ao fundo pelos telespectadores.

Maxime Hamou declarou que se sentiu humilhada e não desferiu um murro no tenista porque estava ao vivo.

Mulheres são as principais vítimas de assédio sexual no trabalho. Têm, como a repórter, vontade de reagir, mas, embora não estejam sendo filmadas para transmissão em rede nacional, não reagem, porque esse tipo de abuso é praticado geralmente por algum superior. Com medo de perderem o emprego, calam-se e, assim, perpetuam uma situação constrangedora e, infelizmente, muito aceita pelos homens, como demonstraram as risadas dos apresentadores do programa francês.

Quando não correspondido, o assédio sexual geralmente acaba por fazer a profissional ser preterida em promoções, ser escalada para funções degradantes ou mesmo ser demitida. Calar-se, portanto, não é uma boa alternativa. A prática é considerada crime previsto na lei 10.224/2001 e pode resultar em pena de um a dois anos de prisão. Às empresas, que não raramente preferem ignorar o comportamento de seus gestores, cabe lembrar que, caso comprovado o assédio, terão de arcar com todas as verbas rescisórias – caso a vítima pleiteie e consiga recisão indireta do contrato de trabalho, a partir de pedido judicial de demissão. Além das perdas financeiras, as corporações em que práticas assim ocorrem possuem um ambiente repressor, que prejudica o desempenho de seus profissionais, quando não ficam estigmatizadas, o que afasta talentos.

Existe a lei, mas buscar a justiça nesses casos implica em desgastes que nem sempre resultam na comprovação da prática. Dessa forma, as empresas devem dispor de canais que permitam que seus colaboradores relatem ocorrências desse gênero. Embora ocorra também com homens, o assédio sexual contra mulheres é muito mais comum do que se imagina. 

 

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